PARIS 2024 - Beatriz Souza faz campanha perfeita e é campeã olímpica de judô
Judoca conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil na capital francesa, nesta sexta-feira, 02 de agosto
A primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos Paris 2024 é do judô! Nesta sexta-feira (02), Beatriz Souza (+78kg) entrou para a história como a quinta campeã olímpica brasileira da modalidade, juntando-se ao seleto grupo composto por Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, Sarah Menezes e Rafaela Silva. Na Arena Champ-de-Mars, ela venceu a israelense Raz Hershko, por waza-ari, na grande final, e conquistou o topo do pódio na primeira participação olímpica da carreira.
“Não sei se caiu muito a ficha ainda, mas é uma sensação inexplicável. Estou transbordando felicidade, estou muito emocionada, e não sei nem definir o sentimento. Acho que a dedicação em cada treino, a disciplina e as abdicações que precisaram ser feitas valeu a pena. Só confirma que eu estava no caminho certo e veio um grande resultado” comemorou Bia.
Na primeira luta, Beatriz passou por Izayana Marenco, da Nicarágua, sem maiores dificuldades. Dominou e projetou, marcando o ippon. Nas quartas, encarou um desafio maior, contra a sul-coreana Hayun Kim e, mais uma vez, se impôs no combate. A adversária se movimentava bastante e cortava as tentativas de kumikata (pegada) da brasileira a todo o tempo.
A luta ficou travada, sem muitas oportunidades de ataques efetivos e ambas foram punidas duas vezes. Precisando abrir o jogo, a sul-coreana foi para cima e, em posição dividida, Bia abraçou e projetou a adversária. O árbitro assinalou ippon, o placar marcou para a sul-coreana, mas, na revisão das imagens, os árbitros de vídeo deram waza-ari para Beatriz, que teve total controle da ação.
Na semifinal, Bia demonstrou o que tem ponto mais forte em sua personalidade e em seu judô. Frieza para enfrentar uma arena lotada gritando pela francesa Romane Dicko, força na pegada na gola que neutralizou o lado direito da francesa, e técnica para projetar e imobilizar Dicko que, de tão ajustada, encerrou a agonia antes dos 20 segundos, batendo para desistir do combate. Final para Beatriz, a segunda final do judô brasileiro em Paris.
Na decisão, Beatriz começou bem, com a pegada forte no quimono da israelense Raz Hershko e, com menos de um minuto de combate, marcou um waza-ari em uma linda entrada. A partir daí, foi só administrar o placar até a vitória e comemorar.
“É minha primeira olimpíada, já sendo campeã olímpica. Ainda mais em Paris, que é um dos lugares que meu coração sempre esquenta quando venho para cá. Foi o primeiro lugar que eu conheci. É muita emoção estar aqui, estou extremamente feliz e curtindo. Muito obrigada por terem acompanhado e torcido, de madrugada para assistir todas as lutas. De coração, muito obrigada mesmo. A torcida de vocês foi fundamental no dia de hoje”, agradeceu.
Natural de Itariri (SP), mas criada em Peruíbe, também em São Paulo, Bia começou no judô aos sete anos, com incentivo do pai, por ser uma criança agitada. Se apaixonou à primeira vista pelo esporte e nunca mais parou.
Passou pela Associação Budokan de Peruíbe, sob os ensinamentos do Sensei Wagner Silva, e, ainda muito nova, mudou-se para São Paulo para representar a Sociedade Desportiva Palmeiras e posteriormente o Esporte Clube Pinheiros, onde está até hoje.
Estreou pela Seleção Sênior em 2017, no Open Europeu da Eslovênia, e hoje, sete anos depois, já coleciona mais de vinte medalhas no circuito da Federação Internacional de Judô, com destaque para uma prata e dois bronzes em mundiais. Ela também é penta campeã pan-americana e foi duas vezes bronze nos Jogos Pan-Americanos, em Lima 2019 e Santiago 2023.