Erika Miranda e Maria Portela são as novas treinadoras das Equipes de Transição da CBJ
Iniciativa faz parte do projeto Liderança e Atuação da Mulher no Judô, da CBJ, e visa ampliar a participação feminina em cargos de liderança do judô brasileiro
A Confederação Brasileira de Judô integrou dois nomes de peso à comissão técnica das Seleções Juvenil e Júnior: as atletas olímpicas e agora treinadoras Erika Miranda e Maria Portela. A iniciativa faz parte do projeto Liderança e Atuação da Mulher no Judô, idealizado pela CBJ e recentemente aprovado pelo Comitê Olímpico do Brasil, e visa ampliar a participação feminina em posições de liderança no judô brasileiro. As duas ficarão à frente das equipes em ações internacionais da temporada 2025, e já têm estreia marcada neste sábado (22), na Thuringia Cup da Alemanha.
“A CBJ e o judô brasileiro ganham muita qualidade técnica com a chegada da Erika e da Maria. Ambas têm trajetórias exemplares na Seleção Brasileira e essa experiência será fundamental para o desenvolvimento dos nossos jovens atletas. Estamos comprometidos com a qualificação e criação de mais oportunidades para treinadoras de judô, e esse projeto reflete o caminho que desejamos seguir”, disse Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ.
Cinco vezes medalhista mundial e atleta olímpica em Londres 2012 e Rio 2016, Erika Miranda anunciou a aposentadoria dos tatames em 2018, após mais de dez anos defendendo a Seleção Brasileira. Nos últimos três anos, foi treinadora da equipe feminina da Alemanha, onde ajudou a consolidar nomes de destaque do país no Circuito Mundial, como as gêmeas Mascha e Seija Ballhaus.
Agora, ela retorna ao judô brasileiro com a missão de ajudar na formação de jovens atletas da Seleção Júnior e repassar toda a experiência que adquiriu em uma vida inteira dedicada ao judô.
“Estou muito feliz em estar de volta e ter aceito esse desafio, depois de muito tempo fora do Brasil. Sou muito grata a tudo o que o judô me proporcionou, a tudo o que conquistei, e poder passar isso adiante me deixa muito feliz. Na Alemanha, eu trabalhava com a equipe adulta. Foi uma experiência incrível, mas eu acho que o Júnior é uma classe onde você pode trabalhar melhor. São atletas que ainda estão no finalzinho da formação, então dá para contribuir bastante. É diferente do Sênior, que não conseguimos fazer essas mudanças dependendo de como o atleta chega. Aprendi muitos pontos positivos que quero levar para dentro da Seleção Brasileira, para fortalecer as meninas, principalmente pensando pelo lado tático em competições. A Alemanha me ensinou a ser uma treinadora mais humana e acho que isso vai ser um diferencial”, disse Erika.
Já Maria Portela, atleta olímpica em Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020, estreou como treinadora da Seleção Brasileira Juvenil em 2024, por meio do Programa de Capacitação e Integração de Técnicos (ProCIT). A convite da CBJ, ela fez parte da comissão técnica da Copa Europeia de Porec e do Campeonato Mundial Sub-18, onde o judô brasileiro conquistou seu melhor resultado da história.
Agora, porém, a integração será definitiva e a multimedalhista pela Seleção Brasileira poderá orientar as atletas da equipe Juvenil em todas as ações internacionais de 2025.
“Em 2024, eu tive a oportunidade de conhecer todo o trabalho que é desenvolvido nas Equipes de Transição. Foi muito enriquecedor para minha carreira como treinadora, poder somar e ter experiências mais próximas dos atletas. Consegui participar de eventos e treinamentos importantes, então pra mim agregou muito no meu aprendizado. Me senti uma ‘ferramenta’, sabe? Porque com a minha experiência como atleta, consegui transmitir muitos detalhes e isso foi bem legal”, disse Maria.
Ela anunciou aposentadoria do alto rendimento em 2022, e fez a transição para a carreira de treinadora com a conclusão do curso de formação esportiva da Universidade Húngara de Ciências do Esporte, com apoio da CBJ e COB.
“Fico honrada em ser uma das primeiras a entrar nesse novo projeto da CBJ, e tenho certeza que ele terá vida longa e irá capacitar muitas treinadoras, para que elas estejam mais ativas na frente de comissões, clubes e do judô brasileiro. É importante a gente fomentar não somente o ganho de medalhas olímpicas, mas a formação de novos cidadãos. Estar, neste momento, representando toda essa mulherada que batalha muito é uma responsabilidade muito grande, que estou encarando com muita alegria, leveza e segurança”, comentou.
Erika e Maria foram companheiras de Seleção por anos, e agora terão a chance de compartilhar uma com a outra as vivências de um novo capítulo de suas trajetórias no judô.
“Eu e a Maria estivemos em Jogos Olímpicos juntas e sempre tivemos uma proximidade muito grande. Trabalhar com ela vai ser um prazer, acho que é um privilégio estar com uma amiga, e isso vai trazer bons frutos”, disse Erika.
“Eu e a Erika convivemos muitos anos na Seleção e, além de sermos companheiras de equipe, construímos uma amizade. Hoje, fico muito feliz de ter a oportunidade de compartilhar esse momento com ela, de sermos treinadoras juntas e somar um pouquinho na vida de cada jovem atleta. Com a experiência que ela traz da Alemanha, acho que também vou aprender muito com ela. Assim como com os outros treinadores que já fazem parte da comissão”, concluiu Maria.
Na Thuringia Cup da Alemanha, onde as duas vão estrear oficialmente como parte da comissão técnica da CBJ, o Brasil contará com 51 atletas. A competição é exclusivamente feminina, e anualmente costuma reunir as principais potências do judô mundial.
Em paralelo à ação feminina, a equipe masculina do Brasil vai lutar o International Masters de Bremen, também na Alemanha, no sábado (22), com os judocas da classe juvenil, e no domingo (23), com o júnior. Cerca de 80 pessoas, entre atletas e comissão técnica, vão compor a delegação brasileira na cidade.